dinsdag 20 augustus 2013

"Nadar com uma criança autista"




Nas férias no Algarve,deparei-me com uma menina autista. Eu e as minhas filhas fomos fazer um passeio de barco, com o intuito de ir conhecer as grutas e falésias nessa região.
Nós sentamos no 2a andar do barco, onde os bancos ficam descobertos. Logo a nossa frente, observei um casal muito bonito. Ao conversar com a moça, ela me disse que era portuguesa, casada com um francês, e moravam em Paris.
Ele, um homem alto, lindo, de olhos azuis. Ambos muito simpáticos. Bati o olho, e vi duas crianças com eles. Uma menina de uns 10 anos, e um menino de uns 6 anos. Uma família bonita! Cheguei até comentar com a moça, que ela e o marido pareciam artistas de filme, de tão bonitos que eram...

Durante o passeio, a Sophie, minha filha, não se sentia muito bem. A glicose estava alta, e antes de sair de casa, ela foi obrigada a usar a bomba de insulina reserva, pois a bombinha própria dela parou de funcionar do nada, de repente.
Paula, minha filha mais velha, estava no auge dos momentos chatos da adolescência. E provocava a irmã de todas as formas. Segurei no rosto dela, e com firmeza, a mandei descer para a parte inferior do barco. Depois de um tempo, a Sophie melhorou, e estava bem melhor.

O passeio foi maravilhoso. Durante o percurso avistamos falésias incríveis. Praias belíssimas. Ao chegarmos na praia de destino final, as pessoas trocavam de barco por um barquinho onde cabiam no máximo 16 adultos. Depois de várias viagens, todos os tripulantes se encontravam nas areias da praia. Uma belíssima praia, cercada por muros altos, entre um mar azul, e o céu ainda mais azul.

Assim que eu fui nadar, vi que a menina, filha do belo casal, estava ali ao meu lado. Ela me olhava com um sorriso sincero.
Mal podia imaginar que essa menina era uma "criança azul". Quero dizer, azul, a cor do autismo.
Senti uma leveza grande naquela pessoinha. Meu Deus, quanta pureza e inocência em alguém que não tem consciência do que é...
A mãe praticamente não falava a língua portuguesa com a filha. O pai não se desgrudava do filho menor.

O fato é que Deborah, a menina azul, grudou em mim com toda a sua vontade e carência.
E eu, também como portadora de uma diferença mental, compreendi perfeitamente o estado de espírito daquela criatura.
Jogávamos areias no mar, disputando quem conseguia mandar a maior quantidade de graus de areia, mais longe. Contávamos números de 1 a 10 em 3 línguas.

Nos divertimos com a essência e maturidade de almas puras, longe de qualquer tipo de preconceito.
Sabe, confesso que senti vergonha pela mãe dessa menina. Puxa vida, eu sei que deve ser bem difícil lidar 24 horas como uma criança autista, mas aquela mãe simplesmente não dava a mínima para a própria filha. Sem contar o pai, não chegou nem uma vez perto de Deborah. Os cuidados dele se resumia ao filho, e pronto.

Quem sou eu para julgar, mas pensar que nem a Sophie teve muita paciência com as esquisitices daquela menina...
Posso imaginar o que é ter uma filha com essa doença. É um aprendizado dia-após-dia. Requer muita tranquilidade.
Deborah não parecia ter um nível severo em torno do autismo. Posso dizer que aprendi muito com ela naquela tarde.
Interessante o quanto ela se sentiu íntima comigo. Ela procurava ficar perto de mim, se aproximava sem cerimônia.
Ela marcou a minha viagem. Gostei muito de ter conhecido uma menina especial por algumas horas.
E hoje dedico uma festa para ela.

Deborah, siga os seus passos do jeito que você é... Cumpra o dever de levar com você mesma, a magia de ser diferente. O mistério está na sua alma. Degrau por degrau você chegará num caminho bom! Sucesso, menininha!
Faremos de conta que hoje é o seu aniversário!

Deborah, 11 anos!
Vamos para o mar, faremos castelos de areia, e você será a princesa! Vamos levar bonecas de todas as cores. Os vestidos das barbies serão coloridos: lilás, verde, amarelo, vermelho... e o vestido da Deborah será AZUL!
Chamaremos os golfinhos para nadar com a gente... E levaremos como convidados, alguns poucos amiguinhos da escola da França.
Vamos servir uma cesta de picnic, cheia de frutas, balas, algodão doce e refrigerantes.
A torta será de brigadeiro. Ao cantar o parabéns, faremos em 3 línguas: português, francês e inglês.
No final, vamos brindar o amor, o carinho, a alegria de poder estar ali!
Deborah, feliz aniversário! Desejo a você, os melhores sonhos... Não esqueça de lado nunca a sua espontaneidade.
Aprenda a conviver com você mesma... e seja feliz, minha pequena sereia azulada.
O seu presente é uma pipa colorida para você poder soltá-la em dias de céu azul. O vento que soprará a sua pipa, é o mesmo que acariciar a sua mente. Lembrando sempre que você nasceu premiada, e que merece todo o nosso respeito e amor!

3 opmerkingen:

  1. que lindo relato Adri, até chorei ao final. Vc é realmente maravilhosa, amiga, que coraçao puro e cheio de amor para dar. Por isso tenho orgulho de ser sua amiga. Vc é o que é e doa a quem doer. Beijo no coraçao!

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  2. uma experiencia pura como essa é um contato direto com nosso Eu superior que nos mostra a essencia do que somos e o que fazemos nessa vida aqui nesse planeta. Esse contato foi um contato de uma dimensao onde as almas se encontram sem nenhuma forma fisica, nem idade, nem nacionalidade,nenhuma fronteira. Maravilhoso relato Adriane. Me emoocionei. Sao tao poucas as pessoas que tem essa percepcao....te amo

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  3. Eu comecei a ler como se estivesse lendo um romance e certo um momento não havia mais amiga Adriane, mais uma história com a sutileza tão tocante...eu vou enviar esse texto para uma amiga que tem um filho autista e você por acaso conhece. Ontem, eu estive com ele e ajudei ele colocar jogos no seu nintendo DS (como eu já tinha prometido várias vezes) e desde que eu cheguei na casa ele ficou o tempo inteiro colado em mim...com mesmo olhar inocente da Deborah.

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